Médica investigada por morte de criança após aplicação de adrenalina responderá em liberdade

A médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte do menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, após a aplicação de adrenalina no Hospital Santa Júlia, em Manaus, irá responder às investigações em liberdade. A decisão foi tomada após a Justiça conceder habeas corpus preventivo à profissional.

O caso, ocorrido entre a noite de sábado (23) e a madrugada de domingo (24), é investigado pelo 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP) como homicídio doloso qualificado, segundo informou o delegado Marcelo Martins.

Dosagem incorreta e seis paradas cardíacas

A morte da criança foi denunciada pelos pais na terça-feira (25). Eles afirmam que Benício foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite, e que a médica prescreveu três doses de adrenalina intravenosa, sendo 3 ml a cada 30 minutos – uma conduta que, segundo especialistas ouvidos no inquérito, seria incompatível com o protocolo para esse tipo de caso.

Relatórios médicos e depoimentos já colhidos apontam que o menino sofreu pelo menos seis paradas cardíacas antes de morrer. Tanto a médica quanto a técnica de enfermagem que participou do atendimento já foram afastadas pelo hospital.

Divergências nos depoimentos

Testemunhas afirmaram que a médica teria demorado a prestar socorro após a piora do quadro, o que, segundo a polícia, pode caracterizar indiferença diante da gravidade da situação, elemento que reforça a suspeita de homicídio doloso qualificado por crueldade.

A defesa da médica nega as acusações e afirma que ela teria agido de imediato, solicitando inclusive um antídoto para reverter o quadro. Entretanto, médicos ouvidos pela polícia informaram que não existe medicamento capaz de neutralizar uma overdose de adrenalina, sendo possíveis apenas medidas de suporte clínico.

Investigação e apurações paralelas

A médica e a técnica de enfermagem prestaram depoimento nesta sexta-feira (28) no 24º DIP. Enquanto isso, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) abriu, na quarta-feira (26), um procedimento administrativo para apurar a conduta dos profissionais envolvidos.

Versão da família

O pai do menino, Bruno Freitas, contou que levou o filho ao hospital devido a uma tosse seca persistente e suspeita de laringite. No atendimento, diz ele, foram prescritos lavagem nasal, soro, xarope e as doses de adrenalina que, segundo a família, teriam levado à piora abrupta do quadro e, posteriormente, à morte.

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