No Brasil, entre janeiro e setembro, 1.075 mulheres morreram vítimas de feminicídio, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Já em Santa Catarina, os casos chegaram a 47 em novembro de 2025, conforme o Observatório de Violência contra a Mulher. Diante dos números, o presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursou nesta terça-feira (2) sobre o tema.
— Não existe pena para punir um cara desse — disse.
Durante um evento em Pernambuco, Lula fez um desabafo e afirmou que a esposa, Janja Lula da Silva, cobrou mais iniciativa do político no enfrentamento da violência contra mulheres.
— O que está acontecendo na cabeça desse animal, que é tido como a espécie animal mais inteligente do planeta Terra, para tanta violência? — questionou.
— Eu acordei domingo e no café a Janja começou a chorar. De noite, vendo Fantástico, ela voltou a chorar. Hoje no avião ela pediu para mim: Lula, assuma a responsabilidade por uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher — disse o presidente.
O presidente ainda citou uma série de feminicídios cometidos nos últimos dias, como o caso do homem que atirou com duas armas contra a ex-companheira, dentro de uma pastelaria na manhã desta segunda-feira (1º).
Também mencionou a morte de uma mulher, três crianças e um bebê no sábado (29), depois que um incêndio atingiu 20 casas de uma comunidade. O companheiro da vítima é o suspeito de atear fogo no local.
Lula cita ainda o atropelamento de uma mulher, seguido do arrastamento do corpo. Mãe de dois filhos, a vítima precisou ser entubada e amputar as pernas abaixo da linha do joelho.
— A pergunta que eu faço é a seguinte: o Código Penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse? Porque, pensando bem, não existe pena para punir um cara desse. Porque até a morte é suave — disse Lula.
Presidente pede apoio dos homens no combate à violência
O presidente ainda pediu um “movimento nacional dos homens contra os animais” que violentam as mulheres.
— Cada um de nós, homens, precisa ser o professor um do outro. Educar nossos filhos, educar nossos companheiros. Se você não está bem com sua companheira, por favor, seja grande. Não bata nela. Se separe dela. Se ela não gosta de você, ela não é obrigada a ficar com você. Deixa ela cuidar da vida dela. Não aprisione essa pessoa. Não seja malvado, não seja ignorante — afirmou o político.
Lula ainda instigou os homens a refletirem sobre os próprios comportamentos e atitudes dentro de um relacionamento.
— Nós precisamos criar um novo homem, uma nova consciência, um novo relacionamento, para que as nossas companheiras vivam conosco se quiserem, porque querem viver, e não por um prato de comida ou porque têm medo de apanhar. Esta luta não é das mulheres. É dos homens — discursou.
— Quando uma mulher vê a gente, ela tem que olhar um companheiro digno, de luta, e não um canalha, que vai bater nela e utilizá-la como objeto de cama e mesa — finalizou Lula.






