
Infecção após fazer as unhas leva mulher a cinco cirurgias e quase 70 sessões de fisioterapia
- 04-07-2025 16:58
Fazer as unhas no salão é uma prática comum entre mulheres, mas o que deveria ser um momento de autocuidado pode esconder sérios riscos — especialmente quando os materiais não são devidamente esterilizados. Uma moradora de Goiás, de 66 anos, viveu essa realidade após contrair uma infecção no polegar, que a levou a quatro cirurgias e 68 sessões de fisioterapia. Em agosto, passará por uma quinta cirurgia.
Tudo começou quando ela foi a um salão para fazer as unhas antes de viajar para um casamento. Era a primeira vez que frequentava o local e, apesar de informar que não gostava de fazer a cutícula, a manicure acabou levantando uma pequena pele durante o lixamento da unha. A cliente só sentiu ardor ao retirar o excesso de esmalte, já no final do atendimento.
No fim do dia, começou a sentir dor no polegar. Tomou um analgésico e seguiu viagem, mas a dor piorou. Na manhã seguinte, procurou atendimento hospitalar, recebeu uma injeção e foi orientada a tomar antibióticos. Como não houve melhora, continuou com os medicamentos por conta própria, mas o dedo começou a inchar.
Assim que retornou à sua cidade, foi direto do aeroporto para o hospital, onde um angiologista indicou cirurgia de emergência. Embora a recomendação fosse que o procedimento fosse realizado por um cirurgião de mão, o próprio angiologista assumiu a cirurgia, devido à urgência.
Com o passar dos dias, o dedo necrosou. A paciente passou por duas cirurgias de desbridamento (remoção de tecido morto) e uma cirurgia para enxerto. Como consequência, perdeu a capacidade de dobrar o polegar, além de apresentar dormência e hipersensibilidade. Em agosto, será submetida à quinta cirurgia, de caráter plástico, para melhorar tanto a mobilidade quanto a aparência do dedo.
Segundo o Dr. Frederico Faleiro, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e responsável pelo caso, a paciente desenvolveu uma paroníquia, inflamação ao redor da unha causada por bactérias ou fungos. “Com o uso de unhas em gel e materiais não esterilizados, o número de infecções aumentou. Há também riscos em hábitos como roer unhas ou puxar a pele ao redor”, afirma.
Gravidade
Na maioria dos casos, a paroníquia é tratada com antibióticos e compressas mornas. No entanto, quando evolui para um abscesso, pode ser necessário realizar drenagem cirúrgica. Em casos graves, como o dessa paciente, pode ocorrer necrose e perda da mobilidade do dedo. Pacientes com diabetes ou que demoram a procurar atendimento estão mais propensos a complicações.
“O quadro pode se espalhar pela mão, afetando a polpa digital e até levando à perda da ponta do dedo”, alerta Dr. Faleiro.
Prevenção
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Dr. Rui Barros, reforça que a melhor forma de prevenção é a esterilização completa dos materiais utilizados em procedimentos de unha. “O ideal é que os materiais sejam de uso exclusivo de cada cliente”, afirma.
Ele também destaca a importância de evitar procedimentos invasivos que causem ferimentos, já que a integridade da pele é uma barreira natural contra infecções. “E, claro, manter as mãos sempre limpas e higienizadas”, finaliza.