Caso Benício: técnica de enfermagem diz que seguiu prescrição e aponta falhas de comunicação com médica

A técnica de enfermagem Raissa Bentes prestou depoimento nesta sexta-feira (28) sobre as circunstâncias que antecederam a morte do menino Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, ocorrida na pediatria de uma unidade de saúde em Manaus. Formada há apenas sete meses, ela relatou detalhes do atendimento e apontou falhas de comunicação e condutas controversas durante o procedimento, especialmente envolvendo a médica responsável, Juliana Brasil.

Segundo Raissa, a medicação administrada, adrenalina intravenosa, em dose prescrita para ser aplicada pura, foi dada conforme a prescrição de Juliana. A técnica afirmou que estava sozinha no momento e que chegou a conversar com a mãe da criança antes da aplicação, esclarecendo dúvidas sobre a via de administração.

“A minha versão eu não tenho nada para mudar, só falei a verdade. Eu administrei a medicação conforme o que foi prescrito pela médica. Eu informei a mãe no momento em que fui fazer a medicação, e ela também questionou a via. Eu disse que nunca tinha administrado por aquela via, mas estava prescrito”, explicou.

Após a primeira aplicação, Benício começou a apresentar sinais de reação adversa. “Ele ficou pálido, a boca sem cor, e disse que o coração estava ‘queimando’. Foi quando corri para chamar a equipe de enfermagem”, relatou Raissa. Uma enfermeira iniciou os primeiros socorros enquanto o quadro da criança se agravava.

A técnica afirmou ainda que, ao ser avisada sobre a reação, a médica Juliana Brasil teria pedido que ela aguardasse e, ao chegar à sala, demonstrado preocupação em “procurar culpados”. Segundo Raissa, a médica questionou a mãe da criança sobre uma possível nebulização, procedimento que, segundo a técnica, não constava na prescrição.

“Inclusive, ela indagou a mãe falando: ‘eu não falei que era pra fazer nebulização?’. Mas nós não podemos fazer nada que não esteja prescrito. Ainda que ela tivesse dito verbalmente, não posso realizar sem estar na prescrição”, disse.

O caso segue sob investigação, e tanto a conduta da equipe de enfermagem quanto da médica responsável deve ser analisada pelas autoridades competentes. A morte de Benício gerou forte comoção e levantou debates sobre preparo, supervisão e protocolos de atendimento em unidades de saúde.

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